Quando era pequeno, lá pros meus 8 anos, a vida se resumia em algumas coisas básicas: ir ao colégio, voltar pra casa e fazer a lição que exigia menos de meio neurônio para ser feita, ver tv, jogar vídeo-game ou destruir uns Comandos em Ação até que a hora de dormir chegasse. Nada de correria, tudo tranqüilo, “água na canela” (...como diz meu prof). Meu quarto era bagunçado apenas pelos bonecos triturados pelo chão.
Como se tivesse pego uma carona num DeLorean, passam-se 20 anos. Deixei os brinquedos de lado — menos o vídeo-game, que é muito mais que um brinquedo e permanece eternamente com o CD do jogo GTA dentro, (...para desestressar), as lições estão um pouco mais complicadas e os dias se resumem a novas coisas básicas: acordar muito cedo, dormir muito tarde, “note” ligado após chegar da academia que faço, depois de sair da facu, que vem depois do estagio de contabilidade, isso faz com que nessa rotina, mal me lembre do almoço do dia anterior, (isso quando almoço... que minha mãe não saiba) ...não consigo terminar de ler os livros do “Andre Vianco” que tanto adoro, nunca fui chegado a festas, e nem amnésias alcoólicas (...menos mal). Nada mais saudável. Meu quarto agora tem uma desorganização ainda aceitável; na mesa (...que geralmente é minha cama) livros de matemática e contabilidade que desejo incinerar, apostilas desgrampeadas, um LG kp500 e uma carteira com dinheiro suficiente para pegar um ônibus (...quando não gasto comendo um “gatinho” no Dede, ou meu VT acaba antes do fim do mês). Tudo podia ser achado facilmente apenas olhando para o móvel.
Mais os anos passam, agora estou na faculdade. Paralelamente começo a trabalhar (...pra quem acha que estágio é trabalho, ou dignifica o homem), sendo assim ficar fora de casa praticamente 83% do dia é algo absolutamente normal. Os 10% restantes do tempo uso para dormir, 5% para fazer as necessidades (comer, Nº1, Nº2, banho, sexo e jogar PS2, mas já to juntando dinheiro pro 3) e os 2% finais sobram pra entrar na internet para jogar e ver pornografia estudar muito. Só que passando todo esse tempo fora, quando volto pra casa meu quarto tá a maior zona foda. Sem tempo para organizar as coisas, a minha mesa já antiga, tá mais entupida que lotação de fim de tarde. No exato momento que escrevo este post, temos amontoados no espaço circular (a mesa é redonda) suficiente para um bêbado de sono deitar e dormir: muitas apostilas essenciais para provas futuras, DVDs, CDs de Playstation, mochila, cel, os meus livros do Vianco empoeirados desodorante, perfume, um pendrive (que fica eternamente em um saco plástico, e a turma na facu implica), carregador do celular, mp4, um band-aid (?), um panfleto de Santo Expedito, meu helimodelo (que não consigo terminar de montar) e a carteira — que agora tem em seu interior dinheiro suficiente para pegar nenhum ônibus. Isso é o que eu posso VER. Mais objetos ainda habitam o subterrâneo desse ecossistema de materiais particulares. Vou em suas buscas.
Com uma namorada que (...graças a Deus) adora jogar P.S.2 comigo (...ja falei que to tentando comprar o 3??!!) que minha mãe diz que gosta pra me agradar, e os irmãos dela que não gostam de mim, mas ela jura que gostam, sonho em sair do Brasil... mas isso é outra historia... que saudades de brincar de Gi-joe.
Texto; @edgleuson
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